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Foto do escritorPaulo César Gonçalves

O PRÉMIO CAMÕES (2020)

É engraçado como tudo se desculpa a quem ganha prémios mais ou menos pomposos (ou será que alguns prémios servem para branquear passados nebulosos?). A ministra da Cultura até vê características que nunca lá estiveram. "Humanista", VAS?

Por um lado, não gosto de alinhar naquela coisa tão em voga (e fofinha) da cultura de cancelamento. O homem é o homem, a obra é a obra. Não vou por aí.

Por outro, por causa da própria nomenclatura do prémio, de um Homem/Artista do renascimento, Humanista (que o estado novo procurou reduzir a um ideário de orgulho belicista/de expansão), causa-me muita comichão a entrega de um prémio (financiado por dinheiro público) a um fulano que, naquele ar tão próprio da cátedra bafienta, defendeu a exclusividade e o elitismo (a universidade deveria ser para meia dúzia de 'iluminados'), usou e abusou de injúrias a várias gerações de alunos ("reduza-se à sua insignificância", etc etc etc), e, pior de tudo, foi misógino e um bufo.

Não dá para esquecer o que fez à geração de '69 (que, curiosamente, se batia por uma universidade mais aberta e menos exclusiva), em Coimbra, pedindo mais repressão (e que, com a sua acção, contribuiu para que alguns deles fossem enviados compulsivamente para o Ultramar). A razão de haver um Aguiar e Silva professor eram os alunos, não o contrário.


É que nisto de tomar partido, ou posição, porque a neutralidade aborrece-me, eu sou da barricada Alberto Martins. Sempre.


NOTA: um print, dos muitos que se espalham pela internet, de uma das suas antigas alunas, dedicado ao "humanista

".


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