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AVÔ ZÉ

Foto do escritor: Paulo César GonçalvesPaulo César Gonçalves

Atualizado: 28 de nov. de 2020


Já passou algum tempo desde que morreste, e se morrer é igual a uma viagem, como disse a Mãe, então já devias ter chegado. Nas férias do Verão voltámos mais rápido.


Estou a escrever esta carta na escola. A professora Ana disse para escrevermos a quem nos apetecesse. Estamos perto do Natal e eu ainda pensei em escrever ao Pai Natal, mas eu gosto mais de ti. Ele não joga futebol comigo nem me lê as histórias do Songoku. Agora quem vai à baliza é a Avó Alice, mas ela é um bocado piteira. No outro dia deixou entrar dois frangos seguidos. As histórias sou eu que as leio, agora.


Avô Zé, mas o que eu tenho de mais importante para falar é outra coisa. Esta carta é para ti porque está a chegar a noite do Pinheiro. A Mãe deu-me as tuas luvas e a tua mitra. Guardou-as numa gaveta do meu quarto. Nunca peguei nas luvas, mas já pus a tua mitra na cabeça e até já adormeci com ela. Tu não te importas, pois não? Só a estou a guardar.


Quando é que voltas para casa? Anda rápido, não quero ir ao Pinheiro sozinho.


Pedro.


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1 comentário


Ana Maria Machado
Ana Maria Machado
27 de nov. de 2020

Gosto muito! Emocionante1

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