Por que é que o recente tema da disciplina de cidadania é um não-assunto?
Porque, uma vez mais, pega-se na problemática pela rama. A disciplina de cidadania, que poderia e deveria ter uma importância transversal a todas as outras, é olhada pelos vários agentes educativos como uma espécie de "enche-chouriços" que não conta para nada, um pouco à imagem da educação física ou da educação visual, que continuam a ser os patinhos-feios deste modelo neoliberal de escola.
O pessoal quer é saber das notas, de ser melhor do que o outro, de ultrapassar o outro, de deixar o outro para trás; importa-se lá com a ética, com a moral, com o respeito pelas pessoas e pelo meio ambiente. Aliás, o que se faz é criar alimento para o atropelo aos direitos consagrados, de várias formas. A roda não pára.
Há muito que é assim, e esse é que é o verdadeiro cancro do sistema educativo. Não há um verdadeiro apelo à cidadania. Há muito que a escola não forma cidadãos.
E vem agora um pensador (simplista, como sempre) do regime literário nacional afirmar que tem medo de jovens incultos, mas não tem medo de jovens instruídos? Pois bem, caríssimo, ilustríssimo, sapientíssimo: inculto e instruído não são opostos. Neste modelo, muitas vezes, até se entrelaçam. Tem muito por onde escolher.
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