top of page
  • Foto do escritorPaulo César Gonçalves

COMPETITIVIDADE = DESIGUALDADES SOCIAIS PERPETUADAS (POR UMA ESTRANHA NOÇÃO DE LEGITIMAÇÃO)



É muito comum escutarmos, nos discursos políticos do poder central, a expressão "competitividade".


Esse termo tem dominado, qual dogma, a vida das pessoas (quer estas queiram quer não), tendo como principal perversão o facto de as mesmas terem substituído as estruturas vigilantes (para o efeito), arrolando-se do papel fiscalizador e, pior, assumindo a função como verdadeiros placebos dessa bafienta inquisição.


Há muito que deixamos de viver uns com os outros: passamos a viver uns contra os outros. Isto significa muita coisa, mas, sobretudo, mostra (inequivocamente) que não aprendemos nada com guerras ou com conflitos de variada espécie.

A tragédia é de tal ordem que começa logo na base, com as crianças a serem forçadas a participar, sem escolha, no jogo que os serviçais de serviço prepararam.

As falácias que se contam, mentiras facilmente desmontáveis por qualquer pessoa que dedique algum do seu (pouco) tempo à reflexão, continuam a vingar.

Não temos a "geração mais qualificada de sempre". Mais qualificada em quê? Temos mesmo de "amouchar" perante este ditame? Temos, claro, porque é preciso continuar inculcar a filosofia do "tem de ser". O que temos é mais uma geração preparada, com outras ferramentas, para perpetuar o estado das coisas, sem levantar grandes ondas.

Estamos cada vez mais estúpidos e mais afastados do(s) outro(s). Somos uma cambada que se divide entre fanáticos, bufos e "Eusebiozinhos" (a caricatura de Eça foi, cem anos de antemão, certeira).

As preocupação de género, de orientação sexual, de índole religiosa ou de qualquer outra diferença não deveriam fazer qualquer sentido, já, em pleno século XXI. Como é que ainda estamos neste patamar?

Quando oiço ou leio alguém falar/escrever na educação como um elevador social, há várias questões que me assaltam:

- Com este modelo "competitivo", se toda a gente estudar, e toda a gente chegar ao cume das suas possibilidades, haverá oportunidades para todos?

- Com este modelo, nestes moldes, e com a tal premissa "irrefutável", se toda a gente estudar, e essa gente chegar ao cume das suas possibilidades, será possível eliminar as desigualdades sociais e a pobreza?

Não respondam (que não vale a pena). Na verdade, são questões de retórica.

Ninguém poderá afirmar que está interessado em combater as desigualdades sociais enquanto a "competitividade" for a inquestionável deusa das classes políticas (e, por conseguinte, das dominantes). Há um coador social que serve para perpetuar o estado das coisas. E isto tem um nome: darwinismo social.

Mais nada.




39 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page