Inspirado no texto original de José de Almada Negreiros (1915)
Basta Pum Basta! Uma geração que admite deixar-se representar por uma reitoria e uma administração tão foleiras é uma geração que nunca o será, quanto mais foi. Nem o é, sequer. Será a geração esquecida, uma trupe de conformadinhos, mansos, águas-mornas e patetas-alegres!
Abaixo tal geração!
Morram a reitoria e a administração, morram! Pim!
Uma geração que tolera esta reitoria e administração é e será sempre um burro de carga, um cavalo que não passará da diligência! Uma geração que concebe esta reitoria e administração ao leme é um naufrágio adiado!
A reitoria e a administração são um logro!
A reitoria e a administração são logro e meio! E ainda mais meio! Dois logros! Talvez o dobro! E assim sucessivamente!
A reitoria e a administração saberão de cor as sebentas, saberão os ditados e as tabuadas, saberão, inclusive, os fundos dos bolsos dos amigalhaços, mas de universidades percebem patavina! A reitoria e a administração estão para a universidade como um pato está para o canto lírico!
A reitoria e a administração são habilidosas, peritas em enganos!
A reitoria e a administração são parolas!
A reitoria e a administração usam sobrecasaca impecável, mas cuecas furadas e cheias de selote!
A reitoria e a administração prostituem-se por financiamento ao ego e à carteira!
A reitoria é a administração!
A administração é a reitoria!
Morram a reitoria e a administração, morram! Pim!
A reitoria e a administração têm uma universidade, que tanto poderia ser universidade como uma fábrica de enlatados, ou uma mercearia, ou um aviário, ou a puta que a pariu!
E a reitoria e a administração têm um gabinete de cosmética e masturbação! E têm likes! E partilhas! E palminhas! E culambismo digital, e, muitas vezes, literal! A reitoria e a administração agradecem!
A reitoria e a administração sofrem de indigência intelectual!
E são insensíveis! E desumanas! E hipócritas! E desonestas: pregam o contrário do que fazem!
Não é preciso disfarçarem com rankings de erradicação da pobreza: a reitoria e a administração vampirizam os alunos! Vivem às custas dos estudantes! Ignoram as dificuldades deles e das suas famílias! A reitoria e administração anunciam aos 7 ventos qualidades que não possuem: vez alguma as possuíram, nenhuma vez as possuirão! A reitoria e a administração vestem a capa do bom samaritano, escondendo a onzena sob a mesma: escrúpulos não os há, nem morais, nem éticos, nem humanos! Basta andar com a moda do mérito, da retenção de talento e do financiamento empresarial! E de braço dado com a política profissional!
E vem a coagem! E vem a segregação! E vem a autoridade tributária, a mando da fundação que por acaso é universidade, refém da reitoria e da administração, a chamar clientes aos estudantes!
Morram a reitoria e a administração, morram! Pim!
A reitoria e a administração existem para provar que há muito doutor da mula ruça!
A reitoria e a administração nasceram do cu de uma vaca com diarreia!
A reitoria e a administração são um robot programado por um fiscal das finanças que nunca deu um beijo na boca! Nem sequer os treinou na dobra do braço!
A reitoria e a administração beijam-se na boca ao espelho e excitam-se com o reflexo da masturbação!
A reitoria e a administração riem da própria nudez porque têm a pila torta!
A reitoria e a administração têm os dentes da frente arranjados e os de trás com buracos de estrada, iguais aos da via Longos – Sameiro!
Morram a reitoria e a administração, morram! Pim!
A reitoria e a administração não têm consciência: se a tivessem, viveriam junto ao rio Este, no meio da porcaria!
Se a reitoria e a administração são do Minho, eu quero ser de outro lado qualquer!
A reitoria e a administração são o cúmulo da anti-intelectualidade, o pináculo da mesmice e da catequese! A reitoria e a administração são o braço-armado do pedantismo oco!
E ainda há quem aplauda!
E ainda há quem corresponda à mão sempre estendida!
E quem lhes lave as cuecas, rotas e emporcalhadas!
E quem aceite as suas acções! E fiquem sabendo a reitoria e a administração que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que vender gato por lebre é, afinal, uma arte louvável, que num rasgo de amnésia a reitoria e a administração se esqueceram de amadrinhar!
E os concursos do senhor vice-reitor, à medida da sua amada; e o senhor dos serviços que gosta da borga com a canalhada; e os professores que ainda adoptam testes sumativos como avaliação; e os computadores do CP2; e as orais no corredor; e os favores e a progressão nas carreiras; e a interacção selectiva; e a necessidade de bajulação; e o ego insuflado; e as épocas de exames em cima do joelho; e o estatuto de trabalhador-estudante; e o professor de estética que dá a mesma prova desde 2008; e o curso de artes gráficas a definhar em contentores; e o curso de teatro sem condições; e as escolas subfinanciadas; e aquele mal encarado do ILCH que parece uma gárgula; e as auto-citações; e os ajustes directos; e o preço das senhas; e a AIMinho, e a AAUM (que defende tanto os alunos como os leões defendem as zebras) e os lugares, quais casacos à medida, à espera nos SASUM; e as taxas, taxinhas e emolumentos; e as propinas!
Morram a reitoria e a administração, morram! Pim!
Portugal, que continua mal, com um indíce de pobreza altíssimo, com grandes contrastes e diferenças, tem, afinal, uma instituição que prima pela erradicação da pobreza, enriquecendo os amigos e os apaniguados! Magnífico! Mas Portugal inteiro, ou pelo menos o Minho, há-de tirar as palas,
porque a cegueira não é de nascença, e gritará, a meu lado, pela necessidade de mudança! Podemos muito mais!
Morram a reitoria e a administração, morram! Pim!
Por Hermenegildo do Cano, Senhor de Viatodos; Lorde-Chanceler de Abação e São Faustino; Filósofo (às terças); Apicultor e Columbófilo; Poeta (e assim)
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