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  • Foto do escritorPaulo César Gonçalves

"NÃO MAIS (MUSA?), NÃO MAIS"

NOTA INTRODUTÓRIA


É a última vez que escreverei sobre o assunto. Já tenho tentado, por todos os meios, afastar de mim toda e qualquer réstia de noticiário: não vejo televisão (há anos, aliás), quando as estações de rádio atingem a marca horária dos noticiários, baixo o volume ou desligo o aparelho. Também tenho limitado muito as minhas leituras em termos de notícias: é insuportável o grau de coacção a que estamos sujeitos.


SEGUIMENTO


Contudo, dado o dilúvio, há sempre algo que acaba por se enfiar pelos meus olhos ou ouvidos: ora são os números das mortes, ora são os novos casos, sem qualquer enquadramento ou explicação. Chega a parecer que quanto pior, melhor. Não é dito, nesses espaços noticiosos, quantos casos/mortos são em lares, qual a faixa etária, quais as doenças pré-existentes. E com isto não estou, de maneira nenhuma, a relativizar ou a tentar normalizar mortes de pessoas idosas. A problemática é outra, bem mais profunda: a política para os lares, na sua maioria, (quase) sempre foi a do “salve-se quem puder”. Se não for o COVID, será, muito provavelmente, com outro vírus/infecção respiratório (infelizmente habitual nos últimos largos anos). A fragilidade destas pessoas é demasiado premente. Já o é há muito. Para quem está no governo, é mais fácil, ao que parece, atirar a brasa para as mãos dos cidadãos. Se os idosos morrerem, a culpa é do povo, que não se comporta. Mais: não é o governo, nesta nova lógica, que tem de suprir o SNS com o que necessita para fazer face às crises e aos problemas de saúde da população. Neste “novo normal”, é a população que tem de evitar ficar doente de modo a “salvar” o SNS.


DESABAFO PRIMEIRO Ai, rico dinheiro aplicado em bancos bons e bancos maus (e em buracos, e em perdões à Brisa e fundações/universidades, etc etc etc), que voltaria a ser aplicado em bancos bons e bancos maus...


CONTINUAÇÃO DO SEGUIMENTO

Isto não durará sempre. E haverá lugar a procurar, pelo menos isso, responsabilidades. A culpabilização dos cidadãos pode estar a ter efeitos no presente, porque é o caminho mais básico (algo muito caro à generalidade dos decisores, ou, na verdade, à sociedade em geral), mas com o devido distanciamento (não o social) no tempo, e nas circunstâncias, será claro que o caminho trilhado se centrou em decisões pouco científicas e politicamente erróneas (errantes?). Atenção, há aqui, como é óbvio, margem para erro. Como não? Errar é humano (e eu, embora desconfie do contrário, não sou extraterrestre).

É, de facto, um tempo novo, este, cheio de afirmações contundentes e de julgamentos sumários, de certezas a olhómetro e de achismos a metro: já não há lugar para o contraditório, para a dúvida, para a pergunta. Ai de quem (saia o respectivo rótulo)! E o exemplo, pois claro, vem de cima (do palanque da campanha).


APARTE Alguém tem escutado Jorge Torgal? Não? Pois, não encaixa (nota de rodapé esbatida).

REPRIMENDA


Um pouco mais de tento, Sr. Doutor. Olhe que o lockdown e o estado de emergência reduzem os contágios. O que diz? Que não é assim? Tenha calma,é preciso tempo para que faça efeito. Daqui a duas semanas é que vai ser! Não está comprovado? O contrário também não. Ai agora é essa do confinamento de pessoas saudáveis, que nunca se fez, isto e aquilo...oh sôdoutor, há sempre uma primeira vez para tudo, não é?


CONTINUAÇÃO DO SEGUIMENTO (DO SEGUIMENTO)


Há quem defenda que não se pode parar o vírus, tendo em conta a História (deste fenómenos), que o mesmo fará o seu percurso, restando aos países a árdua tarefa de se prepararem para a sua passagem. Ora, tendo em conta que Portugal desinvestiu e vem desinvestindo no seu serviço nacional de saúde (à imagem de tantos outros países), é mais fácil enfiar toda a gente em casa (a ver no que dá) e culpar as pessoas daquilo que não pode ser evitado (pode?), já descontando as convulsões inerentes a tais decisões.


APARTE SEGUNDO

Isto não é salvar ninguém (é?), ou antes, não salvar o que podemos (não é?), ou acautelar o que quer que seja (ou não?). O que está por vir (mas já começa a aparecer, não começa? Não sei...) é um tsunami de mortes por outras causas (estarei enganado?), como se as outras doenças fossem acessórias ou menos importantes (como as disciplinas de primeira e de segunda, na escola). Ou será apenas especulação da minha parte (para além de uma utilização barata de metáforas)?


E há ainda as consultas desmarcadas, as operações por realizar e os diagnósticos por fazer (ou é impressão minha?).


EXERCÍCIO INSOLENTE

Se isto fosse um exercício de lógica, e eu conto que os senhores do governo conheçam, pelo menos, as estações do ano, escreveria que quando o vírus apareceu, pelo menos mediaticamente, em Portugal, estávamos já em Março, a cerca de duas semanas da Primavera e das temperaturas amenas. Mais de meio ano depois, e a caminho do pico do Outono e início do Inverno, altura que os senhores do governo também saberão, creio eu, que é dada ao frio e às doenças/infecções do foro respiratório, os casos disparam de forma exponencial, algo que nunca aconteceu lá atrás em Março (a não ser nos cálculos do Buescu), não por um qualquer ‘milagre’ chamado Portugal, como lhe chamou beato Marcelo (será com dois ‘l’?), mas porque, voilá, estávamos quase na Primavera. Bem, acabei mesmo por escrever. Mas continuo sem saber se o exercício de lógica é ou não válido: é que eu continuo com muitas dúvidas, sobre tudo e mais alguma coisa.


INTERROGATÓRIO UM BOCADO CHATO E como as dúvidas persistirão, e as certezas sem oposição são (sempre) um atalho para a desgraça, deixo uma série de perguntas. Espero não aborrecer: É ou não verdade que não há bases científicas que suportem a ideia de confinamento e do uso de máscaras generalizado? É ou não verdade que a Suécia é, presentemente, depois de uma tentativa de liquidação (como a Grécia, nos tempos da Troika), um elefante no meio da sala (para a generalidade dos países)? É ou não verdade que nada se fez para reforçar o SNS (com uma Primavera/Verão de permeio, sem contar já anos anteriores)?


É ou não verdade que foram descuradas todas as outras doenças, com as maleitas do foro mental em destaque? É ou não verdade que uma vacina à pressa é todo um novo (e perigoso) procedimento?


É ou não verdade que ao confinamento só conseguirão sobreviver grandes empresas? É ou não verdade que os pequenos e médios empresários/ENI/TI estão abandonados à sua sorte, forçados a escolher entre uma forca, uma injecção letal ou a prisão perpétua do endividamento, com a conivência das Finanças e da Segurança Social (do governo, no fundo)? É ou nao verdade que a pandemia, e as suas costas largas, servirá como tentativa de desculpa conveniente por se terem condenado milhares (milhões?) de pessoas à miséria e à indigência? É ou não verdade que, aproveitando o desconhecimento da maioria dos cidadãos, os senhores que governam agem de acordo com uma agenda eleitoralista, fazendo passar a ideia de que tudo sabem e podem? É ou não verdade que perdem demasiado tempo a discutir fait divers e outras excreções do género, quando são os senhores, com as vossas políticas e prioridades trocadas, que criam causas que acabam por desembocar efeitos como, por exemplo, um Chega (entre outros)?



É ou não verdade que a generalidade dos senhores que se sentam no Parlamento/Assembleia da República não conhecem e não fazem por conhecer o país real em tempo útil (acção e não reacção)? É ou não verdade que a generalidade dos senhores do arco da governação são, regra geral, incultos?

Será ou não verdade que depois de lerem estas linhas (se houver pachorra para tanto) enverederão pelo caminho simplista de escolher para o autor delas um epíteto da moda (negacionista, radical, extremista, terraplanista, anti-vacinas, covidiota, irresponsável ou até assassino)?


SENTENÇA (A MODOS QUE GENERALIZADA)

A sensação com que fico, em quase tudo, é que ficamos quase sempre aquém. Com tudo o que temos do nosso lado, no nosso tempo, poderíamos ser muito mais inteiros e mais justos, construindo uma sociedade inclusiva, ética e moralmente íntegra, solidária e respeitadora: uma sociedade mais plena. Mas não, preferimos bater palminhas à mediocridade que usa o sobretudo da excelência, promovendo, das mais variadíssimas formas, a inveja, a estupidez, o escárnio, o apontar de dedo e a bufice. Andamos a multar pessoas que nem sabem se terão dinheiro para dar de comer aos filhos. Intolerável. Ou não? E fico por aqui.






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