"O meu Avô era já muito velhinho. Ele e os irmãos, todos de Trás-os-Montes, ali bem perto da fronteira com o Minho (Mondim de Basto), tinham estudado no Liceu de Guimarães e haviam sido internos (portanto, 'moravam', durante o ano lectivo, exceptuando as pausas lectivas, no Internato Municipal).
(...)
Ele nunca saía de casa. Nunca. Tinha muitas terras, uma quinta, enfim. Era realmente difícil tirá-lo daquele sítio. A única altura em que ele parecia um jovem, digo transfigurado, mesmo, era quando estavam a chegar as Nicolinas. Ele ficava mesmo empolgado, e os olhos brilhavam! Falava delas com uma saudade enorme. Com paixão.
Pois era certo, chegava-se ao 29 de Novembro e ninguém via o velhote em casa. (...) Ia para Guimarães ter com os irmãos, e com os amigos de outros tempos. Todos os anos. Até poder. E quando começou a não poder, chorava."
*testemunho de uma Professora do Agrupamento de Escolas das Taipas. FOTO: Velhos Nicolinos junto ao Teatro Jordão (propriedade AAELG).
Este testemunho emocionou-me!