2 de Dezembro:
O Sr. Griffiths acabara de sair do metro, em Piccadily Circus. Era muito tarde, estava frio e tinha acabado de perceber que deixara as luvas no escritório.
Ao passar, de forma ligeira, por uma área da estação com bancos compridos, repara num jovem, completamente sozinho, deitado, encolhido e mal agasalhado, a dormir com a cabeça encostada a uma mochila gasta.
Abranda o passo, sem parar. Continua. De repente, dá meia volta, pousa a mala no chão, despe o sobretudo e cobre o rapaz. Pega na mala e retoma o seu caminho. Amanhar-se-á com o casaco que trazia por baixo e com o sorriso que lhe fica a adornar a cara. Sem luvas.
23 de Dezembro:
O Sr. Griffiths recebe uma encomenda no seu escritório. Tem um envelope junto à embalagem:
"Sr. Griffiths, não nos conhecemos. O meu nome é James Paul McVeigh. Queria apenas agradecer-lhe pelo gesto que teve para comigo, ao cobrir-me com o seu sobretudo (é seu, não é?).
Adormeci no banco. Estava a fazer tempo para apanhar o metro para Heathrow. Tinha-me esquecido do casaco no Starbucks e quando lá voltei já não o encontrei.
Sou de Glasgow, mas naquele dia estava a caminho de Liverpool, para encontrar-me com a minha noiva. Vamos casar-nos em Março, e, embora nunca o tenha visto, gostava de o convidar para a boda.
O convite está no bolso direito do sobretudo (junto ao cartão do escritório, que, por sorte, deixou, e que me ajudou a descobri-lo). Ligue-me para o número que lá está.
Sim, o bonito embrulho vermelho que acompanha esta carta é o seu sobretudo (que me deu um grande jeito). Ah, e a minha Beth comprou-lhe, de presente, um par de luvas ((que também estão dentro do embrulho) . Esperamos que goste.
Bom Natal. E muito, muito obrigado.
James."
J.J. Griffiths sorri. Como naquele dia.
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