Robert Freeman foi o homem que ajudou a estabelecer a imagem dos Beatles. Responsável pelas cinco primeiras capas de discos dos Quatro de Liverpool, e por milhares de fotos do período 1963-65, Freeman despediu-se morreu no ano passado, em Londres, vítima de pneumonia (no tempo em que ainda a havia).
A última capa com a assinatura de Freeman foi "Rubber Soul", o disco que marcou a mudança definitiva no/do grupo, com a utilização exaustiva das possibilidades de estúdio e novas técnicas de gravação.
"Norwegian Wood (this bird has flown)", desse disco, acredita-se ter sido escrita tendo por inspiração a esposa de Robert Freeman, Sonny Drane, uma modelo alemã (que figurou no 1º calendário Pirelli) que, durante muito tempo, afirmou ser norueguesa (por causa do complexo alemão do pós-guerra).
A canção, de Lennon, que desenvolveu uma amizade com Freeman e a esposa (há quem defenda que foi mais do que amizade, no que toca a Sonny), foi a primeira composição pop/rock a utilizar uma cítara (George Harrison andava empenhado em conhecer música indiana), o que ajudou a que Ravi Shankar e a música indiana ganhassem notoriedade no Ocidente.
Não demorou muito até que outros grupos da altura, como os Rolling Stones ou os The Byrds, utilizassem elementos de música indiana nos seus discos. Com os Beatles, dão-se os primeiros passos da "World Music" no mundo pop.
Na década de '80, o romancista japonês Haruki Murakami resgatou "Norwegian wood" para o título de um seu romance, com a trama a desenvolver-se na década de '60, em Tóquio, altura de convulsões sociais. Na história, o protagonista, Toru Watanabe, tem como tema de eleição, claro, "Norwegian Wood".
A transversalidade (de conteúdo) atravessa o mundo.
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