Quase toda a gente conhecerá a lenda do Verão de São Martinho, portanto, vou maçar-vos de outra forma: São Martinho (de Tours, França), nascido na actual Hungria, tornou-se o primeiro Santo não-mártir a receber culto oficial da Igreja e, simultaneamente, um dos Santos mais populares da Europa medieval.
Tem mais de quatro mil igrejas a ele dedicadas, apenas em França. Pelo mundo todo repetem-se os topónimos e os oragos com o seu nome.
É padroeiro dos curtidores, dos alfaiates, dos soldados, dos cavaleiros e dos mendigos. Reza a lenda que, em 496 DC, o rei Clóvis (o primeiro Rei a reunir as tribos dos Francos num só reino, iniciador da Dinastia Merovíngia) prometeu, diante do túmulo de São Martinho, converter-se ao “Deus de Clotilde”, a sua mulher católica, se obtivesse a vitória numa batalha que se avizinhava (contra os Alamanos).
Como veio a triunfar, em Tolbiac, pediu para ser baptizado no dia de Natal desse mesmo ano, juntamente com os seus soldados.
Depois da Dinastia Merovíngia, reinaria uma outra, a Carolíngia (entre os séculos VII e X). A partir de 987, com a ascensão ao trono de Hugo, os membros da família real Franca passaram a ser conhecidos por "Capetos". Há uma lenda que nos diz que essa designação nasceu por terem recebido um pedaço da célebre capa de São Martinho*.
Do ramo "capetiano" dos Duques da Borgonha, da família real Franca, descendia Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal (por parte do Pai, o Conde Dom Henrique). Alguns historiadores franceses ainda chamam à nossa primeira dinastia (a que chamamos "Afonsina" ou "de Borgonha") os "Capetos de Portugal".
Curiosamente, a Dom Sancho I, nascido a 11 de Novembro de 1154, seria dado, em baptismo, o nome de Martinho (posteriormente mudado para Sancho, após a morte do primogénito do nosso primeiro Rei, Henrique, com 9/10 anos).
*A etimologia segue a explicação de ser o "rei da capa" ("capet", "capot" ou "chappet").
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