Em Guimarães, as crianças, como em qualquer parte do mundo, espalham-se pelo calendário, chegando ao mundo à vez, mas na hora da teima, são todas, ou quase, que há sempre dissidentes, filhas de Novembro.
Em Guimarães, as crianças já nascem munidas de baquetas, ainda que possam estas ser invisíveis durante os primeiros anos de vida.
O som vai entrando, vai fazendo o seu caminho, até se entranhar. As mãos fecham-se e, sem muito darem por isso, há um agitar de braços quase automático.
O ritmo vai encontrando o compasso. A coordenação afina. Chega a altura: - Posso ter uma caixa? - Gostava de um bombo.
Aquele prolongamento do que é ser oriundo de um espaço geográfico tem uso quase exclusivo para pouco mais de um mês, num ano. Um distintivo para a sua importância. Alguns instrumentos fundiram-se com os seus executantes: a guitarra teve Jimi Hendrix, Carlos Paredes ou Eric Clapton; o baixo, John Entwistle ou John Paul Jones; a bateria Mitch Mitchell ou John Bonham. A estes podem juntar uns outros tantos, ou até trocar os nomes.
Com a caixa não é diferente: algumas pessoas elevam a caixa ao estado perpétuo da Alma: o Maia é uma delas. O Carlos Mesquita é outra.
Quando os escuto, sou novamente criança.
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